sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O SAPO E A FLOR...


Marlene B. Cerviglieri


Numa floresta muito grande e cheia de bichos, habitavam várias famílias de animais.
Desde insetos e até mesmos leões com suas leoas e filhotes.Todos cuidavam de suas vidas e da comida também. Os macacos eram os mais alegres, pois estavam sempre brincando e pulando de galho em galho, como se fosse uma festa.Os pássaros regiam a orquestra, pois entre tantos gritinhos, urros e barulhos dos bichos parecia mesmo uma grande orquestra.
Estava um dia o sapo tomando seu banho de sol, quando ouviu que lhe dirigiam a palavra.Logo abriu seus olhinhos procurando quem com ele estaria falando!
Eis que vê uma linda flor cor-de-rosa cheia de pintinhas...
Assim estava dizendo ela: - Nossa que coisa mais feia! Nunca vi um bicho tão feio!
- Que boca tão grande, que pele tão grossa...
- Parece até uma pedra, aí parada, sem valor nenhum.
- Ainda bem que sou formosa, colorida e até perfumada.
- Que triste seria ser um sapo!!!
O sapo que tudo ouvia ficou muito triste, pois sempre que via a flor, pensava:
- Que linda flor, tão perfumada, que cores lindas, alegra a floresta!
Mas a flor agora havia se mostrado dizendo tudo aquilo do sapo.
De repente surge o gafanhoto saltitante e vê a flor, mas não o sapo.
A flor, quando o percebeu, ficou tremendo em seu frágil caule.
- Meu Deus, que faço agora?
Vocês sabem que o gafanhoto gosta de comer as pétalas de qualquer flor que encontre, e ela seria assim sua sobremesa...
O sapo, quietinho, quietinho, não se mexeu, e quando o gafanhoto se aproximou da flor, nhac... o alcançou com sua língua.
A flor que já se havia fechado, pensando que iria morrer, abriu-se novamente não acreditando no que havia acontecido.
Mas dona árvore que desde o início a tudo assistia, falou muito energicamente e brava lá do seu canto:
- Pois é dona flor, veja como as aparências enganam.Tenho certeza que a senhora gostaria mais do elegante e magrinho gafanhoto. No entanto, veja como ele teria sido tão mau com a senhora!
Às vezes pensamos e dizemos coisas sobre nossos semelhantes que não são verdadeiras. Precisamos tomar muito cuidado com o que falamos, sabe por que?
- Não - dizia a flor ainda tremendo de susto.
- Todos nos somos diferentes, de formas diferentes, e até pensamos diferente.
- Você sabe que existem também outras formas de se falar?
- Não. Não sabia - disse a flor espantada com a sabedoria da árvore.
- Pois então minha pequena, da próxima vez que for falar de alguém, pense antes, pois este alguém poderia ser você.
- Agora agradeça ao seu amigo sapo o favor que ele lhe fez, e também conte aos outros o que aprendeu aqui hoje.
Com sua vozinha fraca a flor disse ao sapo:
- Meu amigo, você é, realmente, amigo. Agradeço-lhe ter me salvado do gafanhoto e prometo que nunca mais falarei de ninguém.
- Aprendi a lição e dona árvore me ensinou também.
Todos os bichos que estavam assistindo bateram palmas.
E assim amiguinhos, aqui fica a lição: somos todos iguais. Existem bons e maus, mas podemos escolher de que lado vamos ficar.....

ELF


Marlene B. Cerviglieri

Esta estória começa no alto de uma árvore...
Lá em cima morava o Elf, o mais brincalhão do quintal todo.
Ah! Vocês não sabem quem é o Elf?
Pois bem, é uma pessoa bem pequenina que cuida desta arvore.
É amigo de todos os bichinhos, pássaros e de vocês também.
Um dia um menino resolveu se esconder e correu para o quintal.
Subiu, subiu na arvore e lá ficou sentado num galho bem forte.
Começou então a chorar baixinho, triste que estava naquele dia.
O Elf que havia acordado há pouco ouviu, e ficou quietinho
bem perto do menino. - Eu não queria ir para a escola
- dizia o menino. - Quero ficar em casa e não sair mais.
Tenho muito medo.
Aí então, o Elf foi se chegando mais e mais, tomou coragem,
porque não queria assustar o menino e perguntou:
- Que medo é esse? - De chuva, do trovão, de tudo.
Ora quem me pergunta?

O Elf que era bem pequenino saltou e veio ficar no joelho dele.
- Sou eu que pergunto.
- De onde você vem?
Disse o menino espantado, quase amedrontado.
- Daqui mesmo, esta é minha casa. - respondeu Elf.
Esfregando os olhos o menino não queria acreditar.
- Quer dizer que estou dentro de tua casa?
- É isso mesmo - disse o Elf - e não pediu licença para entrar.
- Desculpe, desculpe eu não sabia que arvores são casas
e que tem alguém morando!
- Pensei que só pássaros podiam morar aqui.
- Também moram e fazem até seus ninhos
, sempre com minha permissão - respondeu Elf.
- Veja o ninho de um casal de pássaros aqui embaixo.
- Chii...é mesmo, que bonitinho!
- Mas se chover como fica?
- Você quer dizer se nós temos medo?
- É, eu tenho medo da chuva, dos trovões e minha casa
não é aberta como a sua.Como você faz?
O Elf descruzou as perninhas e disse:
- Menino, o medo mora dentro de você,
porque você deixa-o entrar.
- Como? O medo é gente? Perguntou o menino.
- Mais ou menos, ele é uma coisinha muito pequena,
mas que pode ficar grande que atrapalha o coração.
- Como assim? Disse surpreso o menino.
- Diga-me, quando você esta com ele o seu coração fica
tão apertado que bate sem parar, pedindo espaço.
- Mas como vou dar mais espaço dentro de mim
para meu coração?
- É simples. - Então me ensine, por favor
. - Use seus olhos.
- É, os olhos.
- Quando o medo começar a querer bater em sua porta,
não deixe entrar.
- O que eu faço? perguntou o menino.
- Aí é que entram seus olhos.
Abra-os.Veja, olhe bem.
Você vai ver que não há motivo para deixá-lo entrar de vez.
Quando seus olhos virem, peça ajuda aos seus ouvidos também.
Os dois juntos serão seu guia e não deixarão você
se atrapalhar com o medo.
- Será fácil assim? Perguntou o menino.
-Tenho certeza que você vai aprender logo, logo.
É só praticar. - Desce daí menino, anda logo!
dizia alguém lá embaixo.
Vou soltar os cachorros, você vai ver.
- Cachorros, onde?
Não os vejo. Cachorros onde?
Não os ouço. Estão querendo que o medo entre.
Não deixarei não.
E escorregando arvore abaixo,
o menino ainda ouvia as risadinhas do Elf lá em cima,
E seu coração não pediu mais espaço.