sábado, 6 de dezembro de 2008
O Papai Noel está Chorando
Barba, bigode, cabelo, que calor!
Dez horas no dia ele usava aquela roupa,
tudo iso por amor a família, muito amor.
Oito meses desempregado
e o fundo de garantia cada vez mais minguado.
Pelo menos um mês empregado,
era-lhe suadamente garantido.
Mês duro, mês triste, sofrido...
Não haveria presente para os filhos
e o caçula pedira-lhe um trenzinho
que andasse no trilho.
Mas café com pão à mesa
não faltaria com certeza,
pelo menos naquele mês.
Coitada de sua mulher, a Valderez,
nada para ela talvez.
Na posição de Papai Noel
quanta coisa ele observou:
trombadinhas bolsas afanando,
criança rica jogando seu presente,
olhares tristes e ausentes,
garota pobre, a vitrine espiando,
um presente que fosse desejando.
Ainda bem que era seu último dia
de barba, bigode, ccabelo e calor.
Ele havia presenciado tantos presentes
e muito desamor.
A desigualdade o estava sufocando.
Perdido em seus pensamentos
não percebeu naquele momento
uma criança gritando:
--Mamãe, PAPAI NOEL está chorando!...
Autoria: Maria Salgado César, Infância, Sociedade
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